Fisioterapeuta atende gratuitamente à população do Complexo do Alemão, no RJ



       Quando o assunto é favela, o que mais se ouve falar é em violência, em morte, mas no Complexo do Alemão há vidas sendo restauradas pelas mãos da fisioterapeuta Monica Albuquerque Cirne, de 49 anos, através do Instituto Movimento & Vida que atende gratuitamente à população local vítima da guerra contra o tráfico. Há 12 anos, a fisioterapeuta reveza seu trabalho na clínica particular com o serviço gratuito que já chegou a ser realizado em uma sala de seis metros quadrados perto da localidade. O lugar mal apresentava os devidos recursos para tratar pacientes carentes com acidente vascular cerebral (AVC), resquícios de arma de fogo, câncer, doenças musculares e nas articulações, sequelas pós-trauma em decorrência da violência local, além de crianças com má-formação e paralisia cerebral, mas mesmo assim Monica nunca abandonou seus pacientes.  
     
  O trabalho de Mônica foi recentemente reconhecido por uma mídia internacional, a CGTN América . "Clinic in Rio helps stroke victims caused by fear of gun violence"  - Acompanhe o vídeo que mostra pacientes sendo atendidos pela fisioterapeuta. 

Mônica fez acontecer: A casa foi doada e é mantida por doação de pessoas que se interessam pelo trabalho, como os pacientes pagantes de sua clínica, pessoas que ficam sabendo através da mídia, almoços beneficentes, rifas.



            Há menos de um ano, o trabalho de fisioterapia recebeu um espaço adequado, no entanto sem verba definida para seu funcionamento. O Instituto Movimento & Vida vem sendo mantido através de doações diversas, principalmente com a realização de almoços beneficentes e a ajuda financeira dos pacientes pagantes de sua clínica, entre outras pessoas de fora que acabam conhecendo o trabalho pela mídia. Mas, ainda assim, não é o suficiente uma vez que os aparelhos de fisioterapia são caros, precisam de manutenção e ainda há despesas locais. Com tantas dificuldades e vivendo com a iminente possibilidade de o Instituto fechar por falta de apoio, o que move Monica é o salário que ela diz receber de seu “patrão” (Deus). “Quando alguém chega aqui desesperado por um atendimento, eu não posso dar certeza da cura, quem tem esse poder é meu patrão, Deus. Eu não ganho nada financeiramente, mas meu salário é alto no sentido de que não tem preço ver um paciente meu em pé de novo”, explica a fisioterapeuta.


     Atualmente, são realizados em torno de 60 a 70 atendimentos por mês, duas vezes por semana e ainda há fila de espera, pois o Instituto, que conta com mais duas fisioterapeutas voluntárias, não possui estrutura suficiente para atender a grande demanda da população. “Estamos retomando o atendimento e precisamos manter isso. O Instituto funciona somente com voluntários e não sabemos até quando continuaremos, precisamos de ajudar para nos manter”, suplica Monica. Não é somente o serviço gratuito que chama a atenção da população, mas o atendimento diferenciado e humano prestado pela fisioterapeuta e elogiado por seus pacientes. “Eu tento trabalhar para que eles tenham qualidade de vida. Se eu posso oferecer esse acolhimento para quem precisa, eu vou dar. O que me motiva é saber que com a minha profissão, com um pouquinho do meu conhecimento, eu posso ajudar mais alguém, mais uma família, é isso que me deixa satisfeita, me fortalece. Eu acho que as pessoas que trabalham com saúde precisam olhar para o paciente como se estivessem se olhando. Tratar o outro como trataria a si e aos seus”, aconselha.

            O amor pela profissão começou quando o irmão de Monica, de 43 anos, nasceu com paralisia cerebral e a família, na época, não tinha condições financeiras para custear o tratamento. “Pude conhecer de perto a dor de ter um especial na família, não tínhamos como pagar medicamentos, alimentação e nem havia profissionais no mercado. Tudo para meu irmão era difícil, não pude fazer muito por ele como fisioterapeuta na parte motora que é comprometida, mas cuido da respiratória”, relembra ela que demonstra amor e gratidão por esse trabalho. “Eu nutri um amor pelos deficientes. Sinto-me muito feliz com o trabalho que realizo. O social que faço vai além quando um paciente que atendo está passando por alguma dificuldade, seja por falta de alimentação, roupa, pois são muito necessitados. Faço campanha no meu consultório com os pacientes que pagam e sempre tenho algo para oferecer a alguém que não tem”, conta Monica com orgulho.



Para ajudar o Instituto:

Banco Bradesco

Agência: 2043-5

Conta-corrente: 41939-7

CNPJ: 19.012.519/0001-18



Instituto Movimento & Vida

Rua das Andorinhas, 98. Olaria. Rio de Janeiro-RJ






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