Muito barulho por quase nada

Relatos de uma mãe feliz, mas cansada de acordar de madrugada.

Ahn, uhn, ahh...buááá. Ainda deitada me viro e olho no relógio: três da manhã. Penso - mas caramba, isso não é hora da Gabi querer mamar, é cedo. Vou até o berço, ao lado da cama por hora, e tento identificar (no escuro, com apenas um dos olhos abertos, e com muito muito muito sono) qual é o problema, mas nem sei quem eu sou ou se estou ainda naquele lugar de céu cor de laranja conversando com o ‘Barak’ sobre o dia 12 de janeiro.

Ela nega a chupeta. Droga. Nega de novo. Agora dá um tapa na minha mão. Ih ferrou! Reparo no par de olhos esbugalhados focados em mim: “me dá esse peito aí”. Não senhorita, com nove meses e meio isso não é hora de mamar, não! Boto a chupeta quase que forçada, ela reclama...vira para o lado e reclama mais. Buááááááaaaaaaaaaaaaaaaaaaa. Chora de soluçar.

Três e meia e o buáá continua. O pai, já está sentado na cama, ao meu lado, e me metralha com o olhar. “Ela deve estar com sede, dá mamá pra ela, vai, tadinha, tá muito calor....”, ele diz. Reluto, mas ao perceber que o berreiro não ia parar, só piorar, perco a paciência, a boa vontade e a classe. Exausta, cedo à choradeira. Gabriela pega uma mecha de cabelo meu e passa em seu rosto, me abraça e se aconchega deliciosamente; mama apenas um dos seios, por dois míseros minutos, e pega no sono, tranqüila.


Por Vivian Lopes

Comentários

Postagens mais visitadas